quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Vizinhos invisíveis.

   "Enquanto estava deitado em minha cama esperando que o sono finalmente me alcançasse, perdido por entre pensamentos, acordado ainda, porém totalmente desligado. Pensava na minha recém finalizada mudança para meu atual e mais novo lar. Um apartamento ainda com cheiro de tinta fresca, me foi entregue no começo dessa semana, e hoje cá estou, instalado em meu novo endereço.
   Meus olhos começavam a pesar quando ouvi passos no andar acima do meu.
   Passadas apressadas de duas ou mais pessoas andando suavemente pelo chão, e embora o barulho fosse apenas um pouco mais alto do que um ruído, pude ouvir claramente que se tratavam de passos.
   Sentei abruptamente e arregalei os olhos, boquiaberto.


   Uma construtora veio à minha cidade, que já tinha alguns prédios, e apresentou um projeto grandioso, de um edifício enorme que daria aos moradores "Uma experiência inesquecível no âmbito residencial". Isso aconteceu há menos de um ano, e assim que foi aprovado, o prédio foi erguido rapidamente, era monstruoso, ocupava quase um quarteirão e ficava no centro, perto à parte nobre da cidade.
   Por ser uma obra de grande porte, e pela nossa cidade não ser tão desenvolvida assim, o prédio foi visto como um marco de uma revolução à cidadezinha. Teve tudo o que foi possível feito de aço e vidro, para combinar com a sua estrutura tecnológica, aonde a maior parte dele era computadorizada e respondia a voz de cada morador. Assim pelo menos é como deveria ser. Apesar de aprovado com expectativa pela prefeitura, foi visto com medo por alguns conservadores, que não confiam muito em computadores.
   Enfim, foi me dada a tarefa de ser o primeiro morador do prédio, e de acordo com a minha avaliação, o restante dos apartamentos poderia ser vendido. Me mudei assim que o prédio ficou pronto. E era o único morador daquele edifício. E ainda sim, os passos estavam lá.

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